Uma mamãe em Mato Grosso: perspectivas e sonhos

O ninho  estava pronto antes de chegar meu primeiro filho. Fiz como faz o tuiuiú, ave típica do Pantanal com quase 1 metro e meio de altura. Ele inicia a construção do ninho muitas vezes antes de encontrar o parceiro. É um trabalho extremamente delicado e, ao terminar, sua edificação fica tão sólida que poderia morar um ser humano ali.

Minha trajetória profissional está entrelaçada de histórias e experiências que me fizeram olhar com um carinho especial para assuntos que envolvem a criança.

Trabalho na área da produção de eventos culturais há 11 anos e acabei me tornando uma referência para os colegas quando o assunto é infância. Sempre que aparecia alguma atividade voltada aos pequenos, meu nome era solicitado para desempenhá-la e eu sempre adorei esta função emocionante. Não imaginava que aqueles eram os primeiros alicerces do meu ninho que mais tarde iria receber Francisco, hoje com quase cinco anos e André, com dois anos

Não foi por acaso que, além de uma intensa agenda profissional, encontrei espaço para me dedicar às discussões sobre políticas públicas e em 2004 estive à frente da Pastoral do Menor, instituição pela qual participo do Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente em Mato Grosso.

Preparei o ninho e eles vieram suavizar minha existência e dinamizar minha alegria. Quando soube que estava grávida senti que todo o carinho para aquele trabalho realizado por anos passava a fazer ainda mais sentido e era o momento de mergulhar nessa experiência tão rica que é a maternidade.

Busco oferecer aos meus filhos o acesso a diferentes tipos de lazer para que possam conhecer tudo que este maravilhoso “quintal” chamado Mato Grosso tem a oferecer. Assim, nasceu um projeto que tenho muito orgulho de tocar: o Ninho Infantil. O Ninho é uma empresa que desenvolve projetos infantis, além disso temos um canal  - o site - e ali trazemos sugestões de atividades para os pais fazerem com os filhos. Percebi que muitos eventos e espaços que podem ser frequentados por crianças estavam as vezes vazios, e muitos amigos vinham me pedir dicas sobre lugares para levar crianças.

Do boca a boca para o texto foi um pulo, e quando vi estava lançando um site voltado a pais que querem dar o direito de escolha culturais e artísticas aos filhos. Grande parte dos adultos imagina que levar o filho a uma exposição de fotografia ou ao teatro não seja uma atividade divertida e proveitosa. Acredito que você pode levar uma criança pra ver um filme mais comercial, depois ao teatro e ambas as atividades vão permitir que ele seja um ser humano 'mais feliz e, quem sabe, transformador'. 

Faça o seu ninho sólido oferecendo escolhas, a cultura é rica e experimentá-la é sempre bom!

Paula Naves é formada em Comunicação Social e Serviço Social, labores que em sua vida se completam e somam ao seu maior desempenho: ser mãe. Iniciou seu trabalho no campo da cultura (2004) sob a grande experiência que foi o projeto nacional Cinema BR em Movimento (Patrocínio Petrobrás). Em Mato Grosso produziu importantes eventos, como Festival de Cinema, filmes documentários, a Orquestra do Estado de Mato Grosso, as Oficinas Projeto TIM Música na Escola e nos últimos anos dirigiu artisticamente o Cine Teatro Cuiabá. Foi ainda coordenadora da Pastoral do Menor, Conselheira de Saúde representando a Criança e Adolescente e participa do Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Mato Grosso desde 2004.